Como o clima afeta a sua mesa


farinha

 

Farinha de mandioca, campeã de aumento em 2013, continua com altas
Heudes Régis / JC Imagem

Fonte: JC Online

Efeitos climáticos voltaram a pressionar para cima o preço dos alimentos. Ano passado, a seca do Nordeste criou vilões locais da inflação que continuam a escalada de preços, com destaque para a farinha de mandioca e o inhame. Mas no Sudeste e no Sul, o risco de frio intenso deu lugar à certeza de ondas de calor que prejudicam maçãs e laranjas. O resultado: produtos de menor qualidade e preços altos, uma pressão a mais na inflação dos alimentos.
Produtos que começaram as altas no ano passado continuam a prejudicar o consumidor em 2014. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que mede a inflação oficial do País, no Grande Recife o inhame subiu 37% ano passado e só em janeiro avançou mais 18%. O abacaxi cresceu 28% em 2013 já subiu mais 7,51%.
O mesmo ocorre com itens da cesta básica, segundo o Departamento Intersindical de Estudos Socioeconômicos (Dieese): a farinha de mandioca, vilã de 2013, está 18% mais cara que em janeiro passado e o tomate, 16%.
“Ano passado a farinha já havia triplicado de preços”, diz Jackeline Natal, pesquisadora do Dieese.
Mas o calor agora também é problema até no Sul. “Nos últimos dois anos foi a geada, com granizo cada vez mais frequente. Este ano fomos atingidos por uma forte onda de calor nunca vista”, afirma Pierre Nicolas Pérès, presidente da Associação Brasileira de Produtores de Maçã (ABPM). O calor queima a casca da fruta, que cai do pé antes de amadurecer.
Em 2013 foram 1.080 toneladas de maçãs, com previsão inicial de alcançar outras 1.150 toneladas este ano – 75% para o mercado nacional.
“Mas já é praticamente certo que vamos ter queda com relação ao previsto”, diz Pierre. O momento é de colheita. Na safra passada, o preço subiu 40%, vendido em uma faixa de R$ 1,40 a R$ 1,90 o quilo da fruta. Ele diz não saber a subida atual. No varejo do Grande Recife, segundo o IBGE, só em janeiro a maçã já subiu 11,89%, mais do que os 11,38% acumulados em 2013.
No Sudeste, a laranja-pera, produção que abastece o mercado nacional, a indústria e também é exportada, também foi afetada. A fruta subiu 31% no Grande Recife em 2013 e havia desacelerado em janeiro, com alta de apenas 2%.
“A seca reduziu o tamanho da laranja e também queima a casca. A fruta fica menos atrativa e significativamente mais cara. A situação é bastante grave”, afirma Flávio Viegas, presidente da Associação Brasileira de Citricultura (Associtrus). “Por outro lado, se vier chuva forte, pode provocar inchaço rápido e rachamento da fruta”, explica Viegas.
CEASA

Os preços no Centro de Abastecimento e Logística de Pernambuco, a conhecida Ceasa, indicam uma subida mais acentuada no valor das frutas do que em hortaliças, que no final de janeiro tiveram o preço normalizado.
“Em 2011, a cesta de 14 frutas custava R$ 500. Em janeiro de 2013, chegou a R$ 628. Mês passado, atingiu R$ 758. E hoje chegou a um pico de R$ 830”, diz Marcos Barros, chefe de informação do mercado agrícola da Ceasa. “Parte das frutas está inflacionada, acima das médias históricas”, comenta ele.
Enquanto isso, em um movimento inverso, a cesta de hortaliças, com 18 produtos, no final de janeiro atingiu seu auge, de R$ 533. Mas já caiu para R$ 424.
Um exemplo de alta de preços é o abacaxi, que historicamente custava R$ 1,20 a unidade. Atualmente, a fruta, que está vindo do Piauí, está em uma faixa de preços de R$ 2,50 a R$ 3. Da mesma forma, o cento da banana, também produzida no Nordeste, antes saía a uma média de R$ 7, alcançou os R$ 12.
“São preços considerando já a média sazonal, ou seja, a época do ano”, comenta o chefe de informação da Ceasa.
Segundo ele, outro produto que anda bem caro é o coco seco. O cento ficava por volta de R$ 90, mas passou para R$ 160. “Nem precisaria pesquisar muito para perceber a subida. Você anda na rua, no Centro do Recife, e o preço da água de coco chega a R$ 2”, avalia Barros.
Na opinião dele, assim como as hortaliças alcançaram seu ápice de preços, a tendência dos demais produtos é recuar. “Queria aproveitar e ressaltar que as hortaliças estão a valores muito atraentes. O consumidor pode aproveitar. O alface, que custava em média R$ 0,40, R$ 0,44, está por R$ 0,30. É o mesmo com vários outros produtos. É só vir conferir”, garante Marcos.

 

Chuva traz alegria e estragos para o Sertão pernambucano


chuva

Apesar da água ter alegrado a população sertaneja, os ventos chegaram a provocar sérios estragos em Afogados da Ingazeira
Foto: NillJunior / MaisPajeu / ItamarFrança

Fonte: JC online

O Sertão pernambucano tem previsão positiva para o período de chuvas que atinge a macrorregião no início do ano. Indícios para confirmar a estimativa foram vistos essa semana em cidades como Ouricuri e Trindade, onde nos últimos três dias chegou a chover em um dia o esperado para um mês. Apesar da água ter alegrado a população sertaneja, os ventos chegaram a provocar sérios estragos. Em Afogados da Ingazeira, casas tiveram seus telhados arrancados e as ruas ficaram alagadas.
A incidência de chuvas no Sertão teve início no sábado (15), intensificando no domingo e segunda-feira. Santa Cruz, Salgueiro, Cabrobó, Orocó, Parnamirim, Araripina, Exu, Araripina e Belém do São Francisco registraram precipitação. Segundo a Cordenadoria de Defesa Civil de Pernambuco (Codecipe), os municípios de Ouricuri e Trindade tiveram 100 milímetros de água entre domingo e segunda-feira. Afogados da Ingazeira teve 66 milímetros.
Em Afogados da Ingazeira, os estragos ficaram bastante visíveis com 30 minutos de chuva na tarde da última segunda-feira (17). O vento pôs abaixo uma casa, o muro do Estádio Municipal Vieirão, arrancou placas de lojas, telhados e árvores. O IFPE da cidade teve 50% da cobertura afetada pela chuva. Ruas ficaram alagadas e carros foram arrastados pela correnteza. Moradores relataram que a rede elétrica produziu descargas com fogo, mas não há informações de feridos.

Ventos arrancaram árvore em Afogados da Ingazeira – Foto: NillJunior / MaisPajeu / ItamarFrança
Na Rua Augusto Cerquinha, uma obra da prefeitura de Afogados prejudicou a drenagem pluvial. A água invadiu algumas casas, já que bueiros e corregos não suportaram a intensidade da chuva. Árvores caíram sobre a fiação e o Corpo de Bombeiros precisou ser acionado para evitar acidentes. Os afogadenses chegaram a ficar sem energia durante alguns minutos. A queda de energia durou duas horas nos municípios de Itapetim, Tabira, São José do Egito, Brejinho, Santa Terezinha e Tuparetama
Em Trindade, a chuva alagou um posto de gasolina, onde os moradores precisaram atravessar um cano na BR-316 para escoar a água. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) auxiliou na ação.