No Semiárido, 122 municípios serão beneficiados com cisternas


Fonte:Folha de Pernambuco

Quando fevereiro chegar, os 122 municípios do semiárido pernambucano serão beneficiados com o programa Cisternas, uma parceria do Governo Federal, através do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), e do Governo de Pernambuco, por meio da Secretaria de Agricultura e Reforma Agrária (Sara). Serão instalados quase 40 mil reservatórios de água próprios para o consumo humano, além de outros 12 mil destinados à produção agrícola. A iniciativa visa diminuir a escassez de água da região, que vem se recuperando da pior estiagem dos últimos 50 anos.

Pernambuco abocanhou o segundo maior orçamento do projeto. Para o estado de Eduardo de Campos, serão destinados recursos da ordem de R$ 268,4 milhões. A Bahia ficou no topo do ranking, com investimento de R$ 351,8 milhões. Segundo informou o secretário da Sara, Aldo Santos, o dinheiro deve ser liberado até o fim deste mês.

“Ao Estado caberá uma contrapartida de, no máximo, 5% do valor total que será liberado para cá”, disse. Ainda de acordo com o gestor da pasta, já está em processo de análise e estudo quais as residências do semiárido irão receber os equipamentos. “As famílias beneficiadas passarão por um curso sobre gestão de água, que prevê o mínimo de desperdício do líquido”, informou.

O MDS explicou, através da assessoria de Imprensa, que as cisternas destinadas ao consumo das famílias serão construídas através de placa de cimento, com capacidade para abastecer uma residência com cinco pessoas por até oito meses. As tecnologias de apoio à produção agrícola podem ser cisternas do tipo calçadão, de enxurrada, telhadão ou aprisco, além de barragens subterrâneas, barreiros lonados e barreiros trincheira.

“A política de cisternas vem contribuindo para modificar a área rural no semiárido. A água é um instrumento importante porque ela é infraestrutura para qualquer relação de produção num espaço que se tem pouca pluviometria, como é o caso da região”, explicou a diretora do Departamento de Fomento e Estruturação da Produção do MDS, Francisca Rocicleide da Silva.

O programa Cisternas ainda beneficiará os estados de Alagoas, Ceará, Minas Gerais, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe. Ao todo, MDS investirá quase R$ 1 bilhão para financiar a construção de tecnologias sociais de acesso à água na área rural do semiárido. Por meio de convênios firmados em dezembro, serão entregues mais de 134 mil cisternas de água para consumo e outras 51 mil tecnologias sociais que auxiliam na produção dos agricultores familiares, até o final de 2015.

 

Safra recorde: moagem de cana atinge 594,10 milhões de toneladas


trator

 

Fonte Original: Unica

No acumulado desde o início da safra 2013/2014 até 1º de janeiro de 2014, a moagem das unidades produtoras da região Centro-Sul do Brasil alcançou o recorde histórico de 594,10 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. Este volume é 11,82% maior comparativamente aquele observado no mesmo período da safra 2012/2013.

Em dezembro, a quantidade moída somou 23,99 milhões de toneladas (dos quais 18,05 milhões de toneladas processadas na primeira metade do mês e 5,94 milhões de toneladas na quinzena seguinte), crescimento de 15,79% sobre aquela verificada no mesmo mês de 2012.

Segundo o diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Antonio de Padua Rodrigues, “a safra atual está praticamente concluída, já que poucas unidades permanecerão em atividade nas próximas quinzenas, com produção marginal.”

Nos últimos 15 dias de dezembro, 115 usinas registraram moagem, contra 70 computadas na mesma quinzena do ano anterior. Destas 115 unidades, 12 devem continuar em operação em janeiro.

Em relação à produtividade agrícola, esta totalizou 73 toneladas de cana-de-açúcar por hectare em dezembro, segundo dados do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC). No acumulado desde o início da safra 2013/2014 até o final daquele mês, o rendimento médio do canavial colhido atingiu 79,80 toneladas por hectare, alta de 7,4% quando comparado a idêntico período de 2012. Este aumento percentual é praticamente igual ao apurado para o Estado de São Paulo, onde a produtividade agrícola acumulada alcançou 83,40 toneladas por hectare.

Qualidade da matéria-prima

No acumulado desde o início da atual

safra até 1º de janeiro de 2014, a quantidade de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) somou 133,44 kg por tonelada de cana-de-açúcar, abaixo daquela registrada na mesma data do ano passado (135,66 kg de ATR por tonelada).

Já nos últimos 15 dias de dezembro, o teor de açúcares na planta totalizou 132,38 kg por tonelada, 7,07% superior comparativamente aquele verificado em igual quinzena de 2012.

Contudo este valor quinzenal deve ser analisado com muita cautela. Isso porque o cálculo deste indicador de ATR, chamado “ATR produto”, se dá a partir do volume de cana processada e das produções de etanol e de açúcar, tomando-se certas premissas relativas às perdas industriais e às eficiências de fermentação e de destilação. Diante desta metodologia de cálculo e considerando que várias unidades encerraram esta safra no decorrer da segunda quinzena de dezembro, houve um descompasso entre a quantidade de matéria-prima moída e o respectivo montante de produtos fabricados. Especificamente, este montante de produtos (etanol e açúcar) em fabricação não obteve sua respectiva contrapartida em cana-de-açúcar já processada, elevando artificialmente o índice calculado pela UNICA.

Produção de etanol e de açúcar

Da quantidade total de cana-de-açúcar processada em dezembro, 38,43% destinou-se à produção de açúcar, abaixo dos 44,08% verificados no mesmo mês da safra passada. No acumulado desde o início da safra 2013/2014 até 1º de janeiro, este percentual totalizou 45,36%.

Como resultado, a produção de açúcar acumulada neste período somou 34,27 milhões de toneladas, ligeiro crescimento de 0,58% relativamente à safra anterior. No último mês, a quantidade produzida atingiu 1,13 milhão de toneladas.

Em relação ao etanol, o volume fabricado alcançou 25,37 bilhões de litros no acumulado do início da corrente safra até o final de dezembro, aumento de 19,20% sobre igual período de 2012. Deste montante, 11,02 bilhões de litros referem-se ao etanol anidro e 14,36 bilhões de litros ao etanol hidratado.

“Importante destacar que estes volumes agregam a produção de etanol a partir de milho, realizada por unidades do Estado de Mato Grosso”, comentou o executivo. Especificamente, foram fabricados no período 3,93 milhões de litros de etanol anidro e 7,34 milhões de litros de etanol hidratado, utilizando o milho como matéria-prima. “Porém, no cálculo do indicador “ATR produto”, estes volumes não foram considerados”, acrescentou Rodrigues.

Em dezembro, a produção de etanol somou 1,12 bilhão de litros (806,19 milhões de litros fabricados na primeira quinzena), sendo 432,77 milhões de litros de etanol anidro e 686,20 milhões de litros de etanol hidratado.

O diretor da UNICA destaca que todo o crescimento da moagem registrado na safra 2013/2014 destinou-se à produção do biocombustível. “Essa situação trouxe benefícios enormes para o abastecimento doméstico, não somente em termos ambientais, como também econômicos aos consumidores, à Petrobras – com a redução da importação de gasolina e à balança comercial do País”, concluiu o executivo.

Vendas de etanol

O volume de etanol comercializado pelas unidades produtoras da região Centro-Sul entre abril a dezembro alcançou 19,46 bilhões de litros (8,37 bilhões de litros de etanol anidro e 11,09 bilhões de litros de etanol hidratado), alta de 15,24% em relação ao mesmo período de 2012. Deste total, 2,29 bilhões de litros destinaram-se à exportação e 17,17 bilhões de litros ao mercado interno.

Em dezembro, as vendas internas de etanol hidratado alcançaram 1,14 bilhão de litros, crescimento de 12,78% quando comparado ao mesmo mês do ano passado. No acumulado desde abril da atual safra até dezembro, este volume alcançou 10,27 bilhões litros, acima daquele observado em igual período de 2012 (8,82 bilhões de litros).

No que se refere ao etanol anidro, 720,32 milhões de litros foram comercializados no mercado doméstico em dezembro. No acumulado de abril até o final daquele mês, as vendas alcançaram 6,90 bilhões de litros, contra 5,06 bilhões de litros verificados na safra 2012/2013.

“Apesar deste incremento das vendas, o volume de etanol atualmente disponível nas unidades produtoras é cerca de 15% superior relativamente aquele registrado no mesmo período do ano anterior, sendo portanto suficiente para atender a demanda nos próximos meses”, destacou o diretor.

Este cenário decorre do crescimento da produção (19,20%), aliada ao declínio das exportações. Esta queda já totaliza 23,94%, com 2,29 bilhões de litros exportados entre abril a dezembro de 2013 contra 3,01 bilhões de litros em idêntico período de 2012.

 

 

 

Enfrentamento da seca custou R$ 12 bilhões


Fonte: Valor Online

O semiárido nordestino sofreu, nos últimos dois anos, uma severa estiagem. Os especialistas dizem que foi a maior seca dos últimos 50 anos, afetando a vida de milhões de brasileiros. A falta de água para a população, os açudes vazios, o solo ressecado, a morte de animais e o grande prejuízo para a produção agrícola da região marcaram o noticiário da imprensa e das TVs em torno de mais essa calamidade climática. Mas não se falou em fome, não se noticiou a morte de pessoas provocada pela seca e não se falou em êxodo de populações das áreas rurais para as cidades, ao contrário do que ocorreu em eventos semelhantes no passado, quando as imagens de retirantes e flagelados comoviam a nação.

Houve, portanto, uma ação do poder público que evitou o pior. O governo federal conseguiu, coordenando as ações de vários ministérios e em articulação com os governos estaduais e prefeituras, garantir as condições mínimas de sobrevivência da população atingida por aquela calamidade. Um balanço fornecido ao Valor pela ministra chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, mostra que só o governo federal gastou mais de R$ 12 bilhões com as ações de enfrentamento aos efeitos da seca nos últimos dois anos.

 

Somente no ano passado, o governo estima que os gastos chegaram a R$ 7,8 bilhões. No ano anterior, eles foram de R$ 4,5 bilhões. Os dois montantes não se referem apenas às despesas que afetam diretamente o caixa do Tesouro. Neles estão incluídas também as linhas especiais de crédito para os produtores que perderam os seus rebanhos e sua produção agrícola, no montante total de R$ 3,1 bilhões.

O drama da seca pode ser avaliado pelo fato de que, em julho do ano passado, 1.413 municípios estavam em situação de emergência por causa da estiagem. Em dezembro, o número tinha caído para 1.203, o que mostra que o pior pode ter passado, mas a situação ainda é difícil, embora estejam ocorrendo chuvas em algumas áreas.

O governo procurou, em primeiro lugar, garantir água para as populações atingidas pela seca. O governo federal contratou 6.142 carros pipas para atender 831 municípios, ao custo de R$ 402 milhões em 2012 e R$ 726 milhões em 2013. Ao mesmo tempo, os governos estaduais contrataram outros 2.377 “pipeiros”, como são chamados na região. Ao todo, a “operação carro-pipa” garantiu o abastecimento de água, que em alguns locais foi mais deficiente que outros, para os brasileiros que moram em 1.179 municípios atingidos pela calamidade.

O que impediu o êxodo rural, além da garantia do abastecimento de água, mesmo que precário, certamente foi a concessão da chamada Bolsa Estiagem, que beneficiou 1.294.652 pessoas, de acordo com os dados do Ministério da Integração Nacional. Esse benefício, instituído pela lei 10.954/2004, é concedido a famílias com renda mensal média de até dois salários mínimos. Ele consiste na transferência de R$ 400,00 por família, pagos em até cinco parcelas de R$ 80,00. O dinheiro é depositado juntamente com o beneficio do Programa Bolsa Família e sacado com uso de cartão. Com renda garantida, o nordestino preferiu aguardar dias melhores no seu próprio pedaço de chão, do que se aventurar em busca das grandes cidades, principalmente do sul do país, como acontecia no passado. Em 2012, o governo federal gastou R$ 395 milhões com a Bolsa Estiagem e R$ 962 milhões no ano passado.

Houve uma ação articulada que evitou o pior

Outra ação que assegurou a renda das populações e a manutenção das pessoas em seus locais de origem, mesmo com a seca, foi o “garantia safra”, que é uma ação do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), destinado aos agricultores localizados na região Nordeste do país, que sofrem perda de safra por motivo de seca ou excesso de chuvas. Se forem detectadas perdas de, pelo menos, 50% da produção, o agricultor receberá a indenização diretamente do governo federal, em até seis parcelas mensais, por meio de cartão eletrônico. Nesta ação, o governo federal gastou R$ 506 milhões em 2012 e R$ 1,3 bilhão no ano passado.

Para reduzir as mortes dos animais criados pelos produtores das regiões atingidas pela seca, o governo federal vendeu milho a preço subsidiado. Uma saca de 60 quilos é vendida por R$ 18,12 para aqueles que compram até três sacas por mês. Quem compra de 3,1 a 6 sacas paga R$ 21 por saca de 60 quilos. Nesse programa, que atendeu 205.209 pequenos produtores, a custo para o governo federal foi de R$ 225 milhões em 2012 e R$ 581 milhões em 2013.

O governo repassou também dinheiro aos Estados do semiárido para a recuperação de poços e para a perfuração de poços profundos. Outro programa executado foi o de construção de cisternas (para abastecimento de água para as pessoas e para os animais).

O dado que destoa desse esforço do governo no enfrentamento dos efeitos da seca é o ritmo extremamente lento das obras da transposição do rio São Francisco, que vai levar água para 12 milhões de pessoas que vivem no Nordeste. Se esta obra já estivesse concluída, certamente o drama dessas pessoas seria menor.